Criado em 1983, o Herbário da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) completa este ano quatro décadas de existência. A unidade, especializada na flora do estado, abriga mais de 13 mil registros de diferentes grupos de plantas, além de algumas amostras centenárias e aquarelas originais da renomada artista botânica inglesa Margaret Mee.

Predominam no arquivo algas marinhas e lacustres, além de briófitas fluminenses. A terceira maior coleção é a de angiospermas (possuem flores), oriundas, principalmente, da Ilha Grande, em Angra dos Reis. Ao longo do tempo, o acervo foi sendo montado com a colaboração de professores, pesquisadores, bolsistas de iniciação científica e alunos de graduação e pós-graduação da Uerj, especialmente do Instituto de Biologia Acantara Gomes (Ibrag), responsável pela curadoria do espaço.

Listado internacionalmente no Index Herbariorum, o local conta ainda com plantas nativas da Mata Atlântica e da Amazônia, entre outros biomas. Parte desse conjunto de peças é decorrente de doações e permutas com instituições do país e do exterior. Além disso, a coleção própria está sendo unificada ao acervo do Herbarium Bradeanum (HB), iniciativa não governamental sem fins lucrativos, acolhido em 1989 e doado em 2015 para incorporação ao patrimônio da Universidade.

Na botânica, é uma exigência que as amostras provenientes de pesquisas com componentes da flora sejam guardadas em fitotecas para certificar a identidade das espécies, incluindo aquelas recém-descobertas. “O herbário da Uerj é uma fonte inesgotável de informações relacionadas a diversos aspectos das plantas. Os espécimes nele depositados constituem um banco de dados físico e digital sobre a flora do Rio de Janeiro, do Brasil e do mundo”, afirma o curador Sebastião da Silva Neto, do Departamento de Biologia Vegetal do Ibrag.

Uma pesquisa realizada pelo professor Silva Neto trouxe como resultado uma nova amostra da rara Aosa uleana ao acervo. A planta, da família botânica Loasaceae, só era encontrada em alguns pontos dentro dos limites do Parque Nacional do Itatiaia, na divisa entre Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Ao realizar trabalho de campo em abril de 2022, ele localizou exemplares até então desconhecidos na Serrinha do Alambari, no município de Resende. Semelhante às urtigas, a Aosa possui pelos em seus ramos e folhas que, em contato com a pele, provocam coceira. Por isso, quando avistadas em trilhas de acesso a cachoeiras, tem frequentemente seus galhos quebrados ou são simplesmente arrancadas pelas pessoas, a fim de limpar o caminho. Essa prática provocou severa redução do número de indivíduos da espécie, atualmente categorizada como “criticamente em perigo”, último estágio antes de ser considerada extinta da natureza. O achado recente abriu novas frentes de pesquisa e poderá permitir o desenvolvimento de estratégias visando à preservação da planta.

Visitação

Aberto ao público, o herbário fica na sala 2.014, 2º andar, bloco E, Pavilhão Reitor João Lyra Filho, campus Maracanã da Uerj (Av. São Francisco Xavier, 524). Devido à limitação do espaço físico, as visitas devem ser agendadas pelo e-mail uerjherbario@gmail.com. Há três modalidades de visitação, sendo a primeira delas destinada a pesquisadores de botânica. As visitas didáticas, por sua vez, são aulas práticas das disciplinas do curso de Ciências Biológicas. Ainda são atendidos os alunos de outros cursos que requeiram manuseio e identificação de amostras e realizados treinamentos visando à formação profissional nesse campo do conhecimento.

Os estudantes dos ensinos básico e técnico, servidores da Uerj e demais interessados também podem conhecer o local. Durante a visita, a equipe apresenta as principais atividades do herbário e conta um pouco da história, importância e curiosidades relacionadas às coleções biológicas de plantas secas.

SERVIÇO

Herbário da Uerj

Endereço: Campus Maracanã, Rua São Francisco Xavier, 524, Pavilhão Reitor João Lyra Filho, 2º andar, bloco E, sala 2.014.

Contato para agendamento de visitas: uerjherbario@gmail.com