Jogo virtual promove a inclusão de alunos neurodivergentes no ensino de ciências

Diante do desinteresse dos estudantes nas aulas online durante a pandemia de Covid-19, professores do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Cap-Uerj), resolveram apostar em uma nova forma de ensinar biologia: por meio dos games e impressões 3D.

O projeto é realizado pelo Laboratório de Tecnologias Educacionais Disruptivas desde 2020 e desenvolve estratégias de ensino para a inclusão de alunos neurodivergentes utilizando jogos interativos para resolver missões ou para apresentar com detalhamento novos conceitos e formas. Em agosto deste ano, a iniciativa recebeu o segundo lugar no Prêmio Educação em Ciências da Federação das Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE).

O CAp-Uerj recebe todos os anos muitos alunos diagnosticados como neurodivergentes.  Ou seja, pessoas que reagem a estímulos de maneiras que diferem dos padrões sociais dominantes devido a condições neurológicas específicas. É o caso de quem apresenta Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e distúrbio de aprendizagem, como dislexia. De acordo com o programa Neurodiversidade no Trabalho, da Universidade Stanford (EUA), entre 15% e 20% da população mundial possui alguma dessas condições.

Um dos games de maior sucesso do projeto foi feito a partir de uma plataforma de role-playing game (RPG) que mapeou a sede do CAp e, por meio de um passeio virtual, os alunos resolvem missões utilizando os conteúdos das aulas. Também faz parte do projeto premiado o ensino por meio de impressões 3D, que permite que um estudante segure em suas próprias mãos uma réplica ampliada e detalhada de um inseto, por exemplo.

“Criamos peças imersivas para nossos alunos interagirem virtualmente, como vírus e células gigantes, modelos de camadas da Terra, estruturas animais”, conta o professor Ney Mello, coordenador do projeto. Ele explica que a estratégia de aprendizagem utilizando games e impressão 3D amplia o engajamento dos alunos e possibilita uma educação verdadeiramente inclusiva para os estudantes neurodivergentes. “Todos ali fazem  a mesma atividade e têm a mesma percepção. É a oportunidade do aluno brilhar, já que o jogo faz parte clinicamente de algumas terapias”, explica.

Competem pelo prêmio da FeSBE projetos de diversas escolas de todo o Brasil. O reconhecimento nacional é um fator de motivação para a equipe e também uma demonstração de que a iniciativa está crescendo.  Em apenas nove meses, essa foi a segunda vitória conquistada pelo projeto de inclusão. Em novembro de 2022 recebeu o Prêmio Darcy Ribeiro da Uerj na categoria Estágio Interno Complementar, além de menções honrosas pelos resultados com impressão e escaneamento 3D. Os participantes também atuam na formação de professores, ensinando as metodologias para outros educadores e estagiários do colégio.

Para o futuro, o coordenador do projeto deseja que o CAp-Uerj seja referência na formação inclusiva e que outras escolas interessadas nestas metodologias possam aprender com o projeto. “Queremos construir um espaço que seja referência no Rio de Janeiro para o ensino inclusivo, com todo aparato tecnológico necessário. Ter uma sala confortável, silenciosa, ou seja, ter estrutura real para inclusão. Somos uma escola diversa e a inclusão está chegando”, planeja o professor.

Informações à imprensa:
Temos fontes disponíveis para entrevista (especialista e personagens) e disponibilidade para captura de imagens do projeto.