O mito da terra onde não haveria fome, guerras ou doenças foi revisitado na noite de 26 de março, na Uerj, no lançamento do livro Terra Sem Males (editora Id Cultural). A iniciativa foi uma parceria da Diretoria de Comunicação Social da Uerj com o Departamento Cultural.

Reunidos no auditório Cartola, no Centro Cultural, o autor, João Vergara, ao lado dos convidados Sandra Benites e Maurício Barros de Castro (PPGHA/Uerj), lançaram um olhar contemporâneo à alegoria tupi-guarani, abordando o que hoje estaria implicado na construção de uma sociedade horizontal e igualitária. A mediação foi do diretor do Departamento Cultural da Uerj Alexandre Sá (PPGArtes/Uerj).

Terra Sem Males reúne entrevistas com artistas como Adriana Varejão, Denilson Baniwa, Xadalu Tupã Jekupé e Carlos Vergara, e é ilustrado com alguns de seus trabalhos. Todos os entrevistados têm em comum uma busca pelo mito guarani em suas produções, segundo a visão do autor. A obra é uma adaptação da tese de doutorado de João Vergara, desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Artes (PPGArtes), sob orientação de Maurício Barros de Castro.

Ao apresentar a produção, João Vergara falou sobre a experiência de avançar em uma temática abordada por seu pai, Carlos Vergara, e enfatizou o caráter coletivo da obra, feita em conjunto com os diversos interlocutores entrevistados. Maurício Barros de Castro explicou o processo de delimitação do estudo e destacou a contemporaneidade e importância do tema.

Sandra Benites, uma das entrevistadas e, segundo João Vergara, essencial para a realização do trabalho, se empenhou em compartilhar conhecimentos da cultura guarani envolvidos no mito da terra sem males. Tarefa difícil, segundo ela, já que as palavras nem sempre dão conta de descrever aquilo que está na própria essência dos guaranis. Mesmo assim, a pesquisadora e ativista fez questão de enfatizar que as diferenças não devem se reverter em dificuldades para o alcance de uma convivência respeitosa.

Durante o lançamento, Vergara declarou sua intenção em transformar a obra em filme, como forma de disseminar as discussões para um público mais amplo por meio do audiovisual.

Após o debate, os presentes ganharam exemplares da obra, autografados pelo autor.