Estudo da Faculdade de Oceanografia (FAOC) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) analisa o potencial de energia produzida pelas marés ao longo do litoral equatorial brasileiro. Alturas de maré superiores a dois metros foram observadas por uma fração de tempo considerável na costa de três estados: Amapá, onde se encontra a foz do Rio Amazonas, Pará e Maranhão, indicando que essas áreas representam uma grande fonte de energia limpa e renovável a ser explorada.

As marés são um fenômeno caracterizado pela mudança no nível das águas sob a influência do campo gravitacional da lua e também do sol. A partir desse movimento, pode-se extrair a energia maremotriz, ou seja, energia elétrica gerada através da energia das marés. Portanto, trata-se de uma atividade que não produz resíduos poluentes ao meio ambiente. Além disso, a geração maremotriz utiliza uma fonte natural e renovável, pois as marés continuarão a existir mesmo com a exploração de sua energia, o que não ocorre com o petróleo, por exemplo, que é um recurso que tende a acabar ao passo que é explorado.

“É fundamental investigar e desenvolver vias de produção de energia limpa em substituição às fontes energéticas não-renováveis para que possamos atingir uma autossuficiência energética sustentável e com o menor impacto no ambiente”, explica o oceanógrafo Alessandro Aguiar, professor da FAOC e autor do estudo.

No entanto, é necessário aprofundar as investigações sobre os impactos nos ecossistemas marinhos nas áreas onde poderiam ser instaladas as usinas maremotrizes, cuja estrutura é similar à de uma hidrelétrica, além de definir as melhores tecnologias e equipamentos para a captação da energia.

O estudo da Uerj avaliou 16 barragens hipotéticas, em áreas diversas e com dimensões diferentes, ao longo do litoral equatorial brasileiro. Simulações com modelo numérico, no período de 2009 a 2013, são utilizadas para estimar o potencial de extração de energia maremotriz por cada barragem de maré proposta. As mais eficientes foram aquelas que produziram mais energia com o menor custo de construção. O estudo mostrou que barragens de maré viáveis e eficientes poderiam ser instaladas nas regiões de Amazonas, Pará e Maranhão.

Atualmente, o Brasil possui um único projeto de usina-teste que promove a geração elétrica a partir das marés, que é a Barragem de Bacanga na Baía de São Marcos, no estado do Maranhão. Esse projeto de usina maremotriz já existe há 40 anos, quando a barragem foi construída, porém, ainda não foi implementado devido à falta de investimento em infraestrutura, equipamentos e pesquisa. 

O artigo Numerical assessment of tidal potential energy in the Brazilian Equatorial Shelf foi publicado em novembro de 2023 no período científico Renewable Energy.

 

Fonte:

Professor Dr. Alessandro Aguiar – Faculdade de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro