O projeto Letra Jovem, uma iniciativa da Faculdade de Formação de Professores (FFP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ensina português para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Prestes a completar dez anos, o projeto de extensão já ultrapassou o marco de mil crianças, jovens e adultos atendidos.

O Dia Mundial da Educação, comemorado no dia 28 de abril, foi instituído há 24 anos por líderes de 164 países durante o Fórum Mundial de Educação, como compromisso dessas nações com o desenvolvimento da educação até 2030. O Letra Jovem tem atuado para essa mudança.

As primeiras experiências do projeto começaram a ser desenvolvidas como parte dos programas de inclusão social do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ). Hoje em dia, toda semana, jovens em situação de vulnerabilidade e risco social, egressos do sistema prisional ou que cumprem medidas socioeducativas recebem aulas que vão desde a alfabetização até a interpretação de textos e literatura. Para alguns desses jovens a participação nas oficinas é obrigatória e funciona como requisito para participação em projetos do Tribunal.

“Na primeira aula de cada semestre nós levantamos os assuntos e escolhemos com eles os temas que querem discutir e partimos das questões deles, dos conhecimentos deles para ampliar”, explica a Márcia Lisboa, professora da FFP da Uerj e coordenadora do Letra Jovem. O objetivo da parceria é proporcionar a inserção profissional dos jovens que estiveram em conflito com a lei a partir do ensino de português, contribuindo assim, para a inclusão social.

A partir de 2016, o Letra Jovem também passou a atuar em um Centro Integrado de Educação Pública (Ciep), que fica próximo à FFP, o Ciep 250, no município fluminense de São Gonçalo. O trabalho começou por uma demanda da própria escola e hoje, conta com uma equipe de formadores composta professoras e estudantes bolsistas da Uerj. Por lá, o Letra Jovem oferece letramentos literários e alfabetização para crianças do primeiro ao quinto ano, duas vezes por semana. Por meio de um financiamento da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) também foi possível revitalizar o espaço, criando um laboratório digital com mais de dez computadores, além de adequar a biblioteca e oferecer material suficiente para as atividades com os alunos.

Em uma década, o Letra Jovem já passou pela vida de 800 pessoas só no TJRJ e contribui para a educação de mais de 300 crianças semanalmente no Ciep. O projeto impacta não só a vida dos jovens como também dos educadores. “Nós aprendemos a aprender, sempre, porque o que já sabemos não dá conta. Temos que pensar como é que vamos intervir de forma a respeitar o que esse sujeito conhece, mas também dar a ele a garantia de direitos, da aprendizagem”, compartilha Marcia Lisbôa.