Uma pesquisa do Instituto de Química da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) tem avaliado o uso de compostos químicos que exibem cores como marcadores de munições para armas de fogo. O objetivo do estudo é possibilitar a marcação seletiva para diferentes calibres, o que permitiria maior controle sobre lotes de munição.

O trabalho, coordenado pelo químico Lippy Faria Marques, professor do Departamento de Química Geral e Inorgânica da Uerj, fabricou uma série de lantanídeos, compostos químicos derivados de metais, popularmente conhecidos como “terras-raras”, que emitem luz quando irradiados com uma lâmpada de luz negra. Após testes variados, a equipe do Grupo de Química de Coordenação e Espectroscopia de Lantanídeos (GQCEL) conseguiu sintetizar substâncias que manifestam cores variadas: amarelo, laranja, rosa, azul e ainda várias tonalidades de vermelho e verde.

“Por exemplo, uma munição de pistola 9 mm poderia ser marcada com a cor vermelha; a munição de uma pistola .40, de amarelo, e a munição de fuzil, de alaranjado. E assim por diante”, explica Marques. “Este projeto possui uma importância crucial para o Rio de Janeiro, visto que a segurança pública é um dos principais problemas a serem enfrentados, com impacto inclusive na economia do Estado”.

De acordo com os pesquisadores, além de determinar o calibre de uma arma, a descoberta pode contribuir de maneira efetiva para estimar a altura do atirador, a distância do disparo e mesmo se houve homicídio ou suicídio, uma vez que são gerados resíduos luminescentes após o tiro. A inserção destes marcadores custaria cerca de R$ 0,40 por munição.

O próximo passo da pesquisa é a avaliação de toxicidade dos resíduos gerados durante o disparo com armas e a simulação de diferentes cenários forenses.

A equipe do GQCEL é composta ainda pelo professor Marcos Colaço, do Instituto de Física da Uerj. Além do apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), os testes com os marcadores de munições estão sendo realizados em parceria com a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. 

Neste mês de julho, um artigo publicado no 18º Simpósio de Ciência Forense da INTERPOL citou o estudo do GQCEL como uma das técnicas mais promissoras na área. Mais informações sobre a pesquisa podem ser encontradas na plataforma científica Web of Science.

 

Fonte:
Lippy Faria Marques – Professor do Departamento de Química Geral e Inorgânica da Uerj. Bolsista de Produtividade do Programa Jovem Cientista do Nosso Estado, da Faperj, e Procientista, da Uerj. Doutor em química pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).